quinta-feira, 30 de junho de 2016

Portal Canção Nova: Vínculos Comunicativos na Cibercultura


Glaucya Stela Candido Tavares

RESUMO

A pesquisa trata das relações comunicativas constituídas no Portal Canção Nova. Reflete acerca do fenômeno da cibercultura na sociedade atual e de alguns de seus desdobramentos referentes à possibilidade de criação de vínculos sociais por meio da internet, e mais especificamente por meio de um portal religioso.
O estudo tem como questões centrais: é possível estabelecer vínculos no ambiente da cibercultura? Caso seja possível, qual a natureza e o que favorece esses vínculos no Portal Canção Nova? Como se constitui a criação e a manutenção dos vínculos religiosos nas práticas de filiação às comunidades virtuais? 
O objetivo central foi investigar como se dá o estabelecimento de vínculos comunicativos, sua criação e manutenção na cibercultura, nas práticas de filiação às comunidades virtuais religiosas, especificamente na comunidade do portal Canção Nova. 
Trata-se de uma pesquisa qualitativa/descritiva que se baseou em estratégias de análises documental e de conteúdo. O referencial teórico da pesquisa utilizou como alicerces conceituais de “vínculos comunicativos” as obras dos professores Norval Baitello Júnior, Malena Segura Contrera, José Eugênio de Menezes e Boris Cyrulnik. No âmbito das ciências da comunicação, a pesquisa buscou alicerce em Edgar Morin, Harry Pross, Vilém Flusser, Bóris Cyrulnilk e Norval Baitello. O pensamento de Rubem Alves, Mircea Eliade, Zygmunt Bauman, Eugênio Trivinho e Jorge Miklos compõe do mesmo modo o quadro de referência para a investigação

Leia online o texto completo clicando <<<aqui>>>.

Confira outros textos de Glaucya Stela Candido Tavares publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>

domingo, 26 de junho de 2016

"Viver a religião hoje é um fato público que passa pela mediação da mídia" - Entrevista com Antônio Fausto Neto (parte 2)

27/06/2016

Por Marco Túlio de Sousa
Doutorando em Comunicação (Unisinos)


Professor Dr. Antônio Fausto Neto na Unisinos
Na primeira parte da entrevista o professor Dr. Antônio Fausto Neto falou da sua pesquisa sobre as produções televisivas da igreja católica e de igrejas evangélicas pentecostais. De acordo com ele, apesar das doutrinas das igrejas diferirem, a inserção na mídia fazia com que se adaptassem a lógicas próprias do campo midiático, tornando suas performances similares. Além desta análise sobre a presença da religião na TV, integra o projeto “Processos Midiáticos e Construção de Novas Religiosidades: as dimensões discursivas” uma investigação a respeito da midiatização do Círio de Nazaré. É com este tema que continuamos a entrevista.

MRS: Eu queria que o senhor falasse do segundo ponto do projeto de pesquisa, que envolve o Círio de Nazaré. 

Fausto: Foram dois momentos de observação sobre duas procissões: uma há mais de 10 anos [2001] e outra em um momento mais recente [2013]. No primeiro estudo eu procurava mostrar como os campos sociais se tensionavam e, particularmente, como o campo religioso era tensionado pela presença de outros campos na organização e no funcionamento de certos rituais. Ou seja, como os campos da política, da economia, da segurança etc faziam convergir para o campo religioso um conjunto de cooperações a fim de que aquele acontecimento, não obstante a sua dominância religiosa, tivesse marcas de outros campos sociais que, por seu turno, faturavam essa colaboração do ponto de vista eleitoral e de propaganda/ publicidade de mídia etc. Ali se apresentava o início dessas articulações complexas de campos. Era um evento/ ritual católico, mas que, por ser um acontecimento que atravessava os veios da organização social em termos de devoção, de crença e de reputabilidade pública, para sua realização se oferecia o concurso de muitas práticas de campos sociais como uma forma destes campos também investirem a sua reputação simbólica na medida em que também participavam da sua realização. Ou seja, a romaria tinha um veio dominante católico/ religioso, mas não existiria se não fossem estes outros interesses que perpassavam a sua organização. Já no outro estudo, mais de 10 anos depois, eu mostrei uma mudança, uma complexificação dessas relações entre campos, mas, sobretudo, a importância desse acontecimento de rua que tomava uma feição, não só pela robustez da fé e da devoção dos fiéis, mas pela presença de redes sociais. O acontecimento era em uma ponta dinamizado pela internet e pelas redes sociais e levado adiante por esse movimento de um coletivo amplo, e não mais só pelos romeiros. Era dinamizado pelo twitter, pelo facebook. Na outra ponta repousava sobre sistemas midiáticos tradicionais e modernos o processo de anunciabilidade. Ou seja, ao longo da procissão instalavam-se na Av. Nazaré, em Belém, vários estúdios improvisados em apartamentos onde se alocavam várias celebridades como padre Fábio de Melo, padre Marcelo, Fafá de Belém etc. Todas estas celebridades coordenando um estúdio de rádio ou televisão transmitindo o evento, mas da perspectiva da lógica dos seus interesses e das mídias também. Isso ocorre a tal ponto que em certo momento a procissão passa em frente ao local onde está o padre Fábio de Melo e ele não só dá a bênção, que seria a benção aos fieis que tradicionalmente é dada pelo bispo local que esperava a procissão no final do cortejo, mas também faz uma selfie, como a dizer: “eu estive aqui e nessa função específica”, foto essa que naquele momento foi espalhada para urbi et orbi (para o mundo) mostrando sua performance. Fafá de Belém leva uma orquestra para tocar. Então, têm-se várias iniciativas que tratam de convergir com a natureza da festa, que também fazem derivar dela alguns produtos de ordem midiática, mas na perspectiva de uma economia de negócio, uma economia simbólica que não tem como central a procissão e o ator religioso nas suas fronteiras.

MRS: isso diz muito da entrada de uma lógica do espetáculo atravessando o ritual religioso. Ou seja, o ritual religioso permanece como ponto de articulação, mas permeado agora por outras lógicas...

Fausto: sem dúvida! Apesar de toda a sua riqueza, a lógica do espetáculo religioso é inibida pela presença de outras formas ritualísticas de espetáculo que comparecem não só nos seus representantes, mas também por seus dispositivos técnicos que dão a aquele acontecimento uma leiturabilidade totalmente distinta da que seria característica do evento, ou seja, da devoção da missa etc. Cada um tira partido, digamos assim. Isso tem se complexificado a tal ponto que as pessoas que moram naquela região alugam por uma semana as fachadas dos seus apartamentos a preços bem apreciados para serem transformados em estúdios de rádio e televisão, e, sobretudo, de celebridades.

MRS: Bom, o senhor acabou tocando neste ponto de forma indireta em alguns momentos da entrevista, mas, para sistematizar, eu gostaria que falasse sobre o que caracterizaria o relacionamento do campo religioso com o campo midiático na “sociedade dos meios” e na “sociedade em midiatização” (FAUSTO NETO, 2008), dois conceitos muito fortes na sua trajetória de pesquisa.

Fausto: Bom, grosso modo, é o seguinte: na “sociedade dos meios” os meios de comunicação, pela sua organização de seus modos de produção, da sua sintaxe, tematizavam e exerciam certo controle do acontecimento religioso, ou seja, o acontecimento religioso era subordinado a certas leis internas da programação de uma rádio ou de uma televisão. Exemplificando: houve um momento no passado em que a televisão transmitiu o Círio durante 8 horas porque havia uma simbiose do seu interesse e do interesse do campo religioso no sentido de reconhecer que aquele acontecimento era central na vida daquela população. Mas, a partir do momento em que interesses outros de programação nacional, regional atravessam a vida de uma rádio, de um canal de TV, a noção de tempo da procissão de oito, seis, cinco horas vira uma hora, meia hora restringindo-se à cobertura de aspectos centrais como a benção do bispo ou à entrada do cortejo na igreja etc. Esse momento caracteriza a centralidade do papel dos meios na organização de grandes eventos públicos. Evidentemente que esses grandes eventos públicos são atravessados por grandes cerimoniais de fundo, conforme bem disse o Daniel Dayan (1992, 1999) quando ele estuda acontecimentos que são televisionados, que, segundo ele, se baseiam em rituais profundos em termos de representação simbólica por parte da história da sociedade humana. Na medida em que a sociedade exacerba o funcionamento de tecnologias convertidas em meios e isso atravessa todas as práticas sociais, inclusive a religiosa, o campo institucional midiático não desaparece, mas deixa de ter uma centralidade porque o acontecimento está na mão de todo mundo, tanto das fontes produtoras religiosas, que passam a ter todos os dispositivos para produzí-lo, quanto dos atores sociais que têm internet, que têm celular, whatsapp, facebook, twitter. Então, sai-se de uma centralidade de transmissão midiática para uma pluriversidade de transmissões que se fazem de acordo com regimes, motivações e interesses de cada cidadão. Há, claro, um acontecimento “jurídico”, sociológico que se faz naquela semana e, especificamente, naquela procissão, mas o modo de “desenhar” sua existência sai da mão de peritos, de mediadores que tinham a responsabilidade central no modo de narrá-lo, de anunciá-lo, de comentá-lo e passa para as mãos de todos que podem com o acesso às tecnologias, construir as suas enunciações...

MRS: Podemos dizer que se sai de uma lógica transmissiva para se entrar em uma lógica de compartilhamento?

Fausto: de compartilhamento nesse sentido de que todos os agentes tem acesso a dispositivos midiáticos que antes estavam nas mãos apenas dos peritos da mídia. É isso que caracterizaria o acontecimento nessa sociedade em midiatização. Contudo, não se quer dizer que não haja rusgas muito importantes que apontam para tensionamentos, recuos, resistências a esses fenômenos. Existem tensões nesses acontecimentos, modos de redesenhar o ritual religioso strictu sensu no sentido de fazê-lo circular à deriva dessas intervenções midiáticas mais contemporâneas. Mas para identificá-los seriam necessários muitos processos observacionais para capturar os “n” Círios que se realizam concomitantemente àquela grande procissão, inclusive no interior dela. Há muitas manifestações que apontam para outros processos de produção de sentido enquanto marcas de fraturas. Recordo-me no Círio de 2013 duas manifestações: 1) a tradicional de rua, já incorporada às redes sociais, e (2) a ela se agregavam dispositivos de captação da procissão que já não se restringiam mais apenas naquele sistema de rádios, tvs etc e que se notabilizavam pela presença das celebridades que faziam surgir um co-acontecimento. Havia um acontecimento que seguia um ritual oficial e microacontecimentos que se desencadeavam a medida que a procissão passava por esses ambientes, onde ocorriam esses enlaces momentâneos. Ou seja, nichos de produção periféricos capturavam-na segundo suas lógicas específicas. Isso reflete um nível de intervenção de um dispositivo em produção paralelo ou consentâneo se apropriando da procissão em si. Exemplificando: a procissão se faz por um percurso que vai do cais até a catedral. Por aí passam 2 milhões de fiéis. Ao longo desse trajeto instalam-se gabinetes em apartamentos e portarias ocupados pelas celebridades. E as pessoas param ali, reverenciam esses personagens, toca-se música, dá-se uma bênção. Isso gera a irritação do bispo que esperava a procissão chegar enquanto o padre Fábio de Melo, como eu já mencionei, dava outra bênção e tirava uma selfie. Essas intervenções são espécies de “fraturas em produção” porque são feitas por personalidades/ operadores que fazem o ritual circular em outro destino interpretativo, mas que estão incorporados de alguma forma à produção oficial do acontecimento. Por isso digo que é uma “fratura em produção”. Observei também outra fratura distinta da anterior. No centro da procissão há uma corda (o cisal) que 30 mil promisseiros seguram e protegem durante o trajeto e que seria dividida entre eles na igreja, segundo acordo feito previamente com as instâncias oficiais. Desta vez eles se antecipam, cortam a corda e se apropriam de seus pedaços transformando-os em relíquias. Isso do ponto de vista da antropologia simbólica é uma espécie de ruptura com o ritual sobre o qual funciona esta manifestação do ponto de vista da sua lógica de produção e ao mesmo tempo um “redesenho” do seu processo de significação. É preciso que haja uma ruptura para que ele seja ressimbolizado. Os indivíduos redesenham esta organização dando a ela outra significação segundo um ato que passa por eles mesmos, por uma ação técnico-simbólica dos atores sociais.

MRS: um ato que acontecia à revelia das prescrições institucionais...

Fausto: sim! A previsão era de que este corte aconteceria apenas no final quando a procissão chegasse até o bispo, e a corda, então, consagrada pelo seu ritual de origem, fosse dividida entre os fiéis. Esta antecipação por parte dos promisseiros foi muito mal vista, muito mal compreendida. Ela foi lida como um desrespeito, como uma afronta porque a lógica procissão foi traçada por um postulado de racionalidade definido pelos campos sociais que ofertavam que este acontecimento. Então, nesta atitude os atores sociais rompem com o ritual e dão outra significação. Isso está detalhado no texto “Círio de Nazaré: celebrações, divergências e rupturas” (FAUSTO NETO, 2013).

* Para ler a primeira parte da entrevista clique <<<aqui>>>.

Textos Citados nas partes 1 e 2 da entrevista

ASSMANN, Hugo. A Igreja Eletrônica e seu impacto na América Latina. Petrópolis (RJ): Vozes, 1986.

ECO, Umberto. Viagem na Irrealidade Cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

DAYAN, Daniel & KATZ, Elihu. A história em directo. Os acontecimentos mediáticos na televisão. Coimbra: Minerva, 1999.

DAYAN, Daniel e KATZ, Elihu. Media events: the live broadcasting of history. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1992.

FAUSTO NETO, Antônio. Religião do contato: estratégias dos novos "templos midiáticos". In: Emquestão –Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Vol. 2, n 1(jan./jun 2003), p. 163-182.

_____, Antônio. Fragmentos de uma analítica da midiatização. In: Revista Matrizes, nº  2, Abril, 2008 –pp 89-105

_____, Antonio. Círio de Nazaré: celebrações, divergências e rupturas. In: Netília Silva dos Anjos Seixas; Alda Cristina Costa; Luciana Miranda Costa. (Org.). Comunicação: visualidades e diversidades na Amazônia. 1ed.Belém: FADESP, 2013, v. 1, p. 27-50.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. 18º ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

HARTMANN, Attilio Ignacio. Religiosidade e mídia eletrônica: a mediação sócio-cultural-religiosa e a produção de sentido na recepção de tv. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – ECA-USP.

Sobre o autor 
Antônio Fausto Neto é pós-doutor em Comunicação pela UFRJ, doutor em Comunicação pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS) da França, mestre em Comunicação pela Universidade Nacional de Brasília (UNB) e graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Atualmente é professor titular do programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Interessa-se por temas relacionados a Jornalismo, Discurso, Noticiabilidade, Estratégias Midiáticas e Midiatização, tendo também já estudado objetos que envolvem religião, discurso e mídia, especialmente no âmbito televisivo.

Conheça textos do professor já divulgados pelo Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Media and Transformations of Religion



Knut Lundby

RESUMO

There are three flag-terms that stand out, states Birgit Meyer in the opening chap-ter of this book, that, in her view, are ‘central to the reconfiguration of the study of religion in general, and the trans-disciplinary conversation’: transformation, materiality, mediation. I agree on the centrality of these three concepts to understand religion across media. However, I will confront this triangle of key terms with the concept of mediatization as developed and developing in media and communication studies. Meyer has asked, in Chapter 1, from her viewpoint in anthropology and religious studies, ‘whether “mediatization” can at all be fruitfully extended into a broader, historical and global theory of the transformation of religion through “media”’ (p. 15). The distinction between ‘embedded’ and ‘disembedded’ media introduced in the Introduction (pp. xiv–xv) is crucial to understand transformationsof religion across media, I argue.

Leia online o texto complicado clicando <<<aqui>>>.

Confira outros textos de Knut Lundby publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.

terça-feira, 21 de junho de 2016

"Viver a religião hoje é um fato público que passa pela mediação da mídia" - Entrevista com Antônio Fausto Neto (parte 1)

22/06/16 
Por Marco Túlio de Sousa 
Doutorando em Comunicação (Unisinos) 

Professor Dr. Antônio Fausto Neto na Unisinos.
Hoje o “Mídia, Religião e Sociedade” inaugura uma nova fase com a seção Entrevistas, que conta com material exclusivo, obtido a partir do contato com pesquisadores da área. Nessa primeira edição conversamos com o professor Dr. Antônio Fausto Neto, docente do programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). A entrevista transcorreu em duas oportunidades, quando nos reunimos e debatemos a respeito das pesquisas realizadas pelo professor sobre as complexas relações que envolvem os campos religioso e midiático. A extensão do material nos levou a dividir o texto em duas partes. 

Neste primeiro momento, Fausto fala sobre como a adaptação às lógicas midiáticas faz com que produções católicas e evangélicas se aproximem do ponto de vista de suas performances, levando-o ao conceito de “religião do contato”. Tal discussão passa por questões discursivas que envolvem, inclusive, a materialidade do corpo. O pesquisador também constrói hipóteses sobre as razões que levaram as instituições neopentecostais se destacarem pela sua presença midiática.


Mídia, Religião e Sociedade (MRS): Professor, na sua trajetória acadêmica o senhor estudou diversos temas que envolvem a relação dos media com outros campos sociais e questões (a política, a literatura, a migração, o ofício do jornalismo etc), como a religião surgiu como interesse de pesquisa?

Fausto: Eu não sou um especialista em religião, nem tampouco um especialista em mídia e religião, esse viés vem de uma preocupação minha e do nosso programa (de pós-graduação da Unisinos) definida por uma pergunta: o que vem a ser chamado de campo midiático e que relações ele estabelece com outros campos sociais? Particularmente, que tipo de atividade emanava do campo midiático para o funcionamento de práticas de outros campos? Isso me preocupava bastante. Foi o que me levou a estudar comunicação e política (as campanhas eleitorais), a AIDS, a midiatização da ciência e também essa questão que envolve a mídia e religião, que era algo que já despontava naquele primeiro momento como uma problemática que se situava na “sociedade dos meios”: havia certa centralidade na medida que tanto o campo religioso quanto o campo midiático através de movimentos diferentes implementavam o funcionamento da religião no interior desse território chamado midiático. Isso é um fato importante. A religião sempre esteve presente por meio de colunas, sessões, registros etc, no campo midiático, mas há um momento, que é muito significativo, em que o tema da religião capilariza-se na sociedade por meio de fenômenos muito particulares como, por exemplo, a complexificação da “igreja eletrônica”, que foi estudada lá atrás pelo Hugo Assmann (ASSMANN, 1986) e outros autores (HARTMANN, 2000), a emergência dos padres cantores e da “onda evangélica” etc. Enfim, tal como estudei a relação do campo midiático com outros campos, também veio o interesse por entender como isso se dá com a religião.


MRS: Então podemos dizer que os estudos em mídia e religião estão integrados a um projeto maior que consiste no entendimento da relação do campo midiático com outros campos sociais...

Fausto: Sobretudo como dimensões e operações referência do campo midiático funcionam como condições de produção para a estruturação de outros campos do ponto de vista de estratégias simbólicas. E vice versa. Ou seja, as igrejas fazem funcionar suas atividades declaradamente a partir de recursos muito fortes que ela toma da mídia.


MRS: De 2003 a 2006 o senhor coordenou o projeto “Processos Midiáticos e Construção de Novas Religiosidades: as dimensões discursivas” que propunha analisar estratégias discursivas de produções televisivas católicas e neopentecostais e também a “produção midiática” de um acontecimento cuja origem é religiosa (o Círio de Nazaré). De que modo cada um deles articula formas de presença da religião na mídia que dizem de uma nova configuração do religioso no cenário atual?

Fausto: Vamos começar pelo primeiro ponto [produções televisivas católicas e neopentecostais]. Evidentemente há um aspecto forte aí que é essa transição da sociedade dos meios para a sociedade em vias de midiatização que faz com que a atividade midiática se complexifique de modo a ser produzida também pelo campo religioso, tanto nos seus processos gerenciais e quanto de estratégias discursivas. Ou seja, o campo religioso constitui as suas redes. Para fazer isso passa por uma série de negociações (políticas, empresariais etc).  Quando as igrejas vão para as mídias elas se modelizam em torno de linguagens, gramáticas e protocolos midiáticos, mas levando consigo suas respectivas pedagogias de contato com a sociedade. Talvez por isso hoje se possa dizer que há pouquíssimas diferenças entre programas das rádios e TVs católicas e evangélicas de segunda geração [pentecostais] porque a medida que a religião passou a ser um fato público ela passa a se organizar do ponto de vista estratégico em sintonia com um mercado discursivo de massa que está a espera de um chamado, um convite, uma adesão que só os dispositivos religiosos podem fazer hoje através desses mecanismos (midiáticos). Isso acontece quando a Igreja Universal vai lá para os grotões do Brasil, quando a Igreja Católica cria pastorais voltadas para jovens via música. Viver a religião hoje é um fato público e a maneira de materializar essa experiência em termos públicos se faz pela mediação tecno-simbólica das mídias. Isso tem um impacto muito grande quando a gente pesquisa o cotidiano da sociedade e vê isso faz parte do mundo das pessoas. Elas veem, escutam e transferem para suas casas a realização de rituais que não mais se restringem ao ambiente do templo, mas que são vivenciados entre famílias, grupos de oração, de discussão, de vizinhos, que ali estendem, como dizia o Max Weber, os braços das velhas igrejas para o mundo da vida. Isso é um fenômeno que não nasceu agora, é um fenômeno que tem um transcurso longo, mas que se agudiza e se complexifica hoje com essa transformação da organização da ambiência social em uma ambiência de midiatização de grande porte. As igrejas souberam ocupar um espaço no contexto midiático, mas para tanto tiveram que se adaptar, se redesenhar e revestir suas práticas e aspectos do seu discurso, da sua postura com aquilo que é próprio do campo midiático.


MRS: Em artigo publicado na revista Em Questão (FAUSTO NETO, 2003), que é um dos resultados dessa pesquisa, o senhor utiliza o termo “religião do contato” para caracterizar uma religiosidade que emergia dos programas televisivos tanto católicos quanto neopentecostais por meio de recomendações ao público de que se tomasse alguma atitude enquanto assistia o programa que implicava tocar em alguma parte do corpo). Essa dimensão do toque pode ser vista como uma forma de compensação da não simultaneidade espacial característica deste tipo de emissão? Por quê?

Fausto: Aí é uma hipótese que eu levanto de que todas as religiões se exercitam discursivamente pela dimensão do corpo. Ainda que em níveis diferentes o corpo é fundamental: o corpo da fé, da súplica, da expiação, do castigo, da adoração, da celebração. Na esfera do templo o corpo é um dispositivo central para que o ritual possa se consumir. A passagem da religião da esfera do templo para a esfera da mídia implica em potencializar ou exarcerbar certas regras da sua discursividade sem as quais tal passagem seria muito problemática e até mesmo descaracterizadora das pretensões destas instituições. Cada uma potencializa o corpo em uma direção. Quando eu digo que emerge aí “uma religião do contato” isso tem a ver com uma dimensão central da obra do Peirce, que é em relação ao índice, a religião não é só um fato representacional, simbólico. Você encontra principalmente no protestantismo de segunda geração (pentecostal) um investimento no corpo que parece mais intencional. O corpo age no sentido de evidenciar a performance dos atores sociais no quadro e no contexto dos rituais. Então, a religião do contato começa a se construir lá no templo, mas é nesta esfera [midiática] da sua visibilidade, da sua demonstração, que isso se toma uma dimensão muito mais desafiadora porque se expõe para a esfera pública, digamos assim, formas através das quais se imagina a celebração do ato religioso hoje. Essas formas passam pelo contato, pelo corpo, pela interpelação... passam por programas de escuta, Fala Que Eu Te Escuto, por exemplo e passam por prédicas e falas  que estão na fronteira do colóquio, da intimidade. Isso significa dizer: certa ritualização que emerge das mídias, dos gêneros midiáticos, da intimidade da televisão, ou seja, da “neotelevisão” (ECO, 1984), vem em auxílio dos desafios que representa hoje midiatizar religião. É a exacerbação dos rituais pela mediação do corpo e um corpo que toma como empréstimo operações dos gêneros midiáticos. Talvez neste modelo de midiatização da religião estejamos próximos a formatos e lógicas adotados por programas como o Big Brother Brasil, guardadas as devidas proporções e suas economias discursivas. Mas essa é só uma hipótese.


MRS: Esse apelo ao corpo e à emoção valorizado pela TV ajuda a explicar o porquê das igrejas Católica e Protestantes tradicionais terem tido maior dificuldade do que as igrejas Pentecostais para se adaptarem ao ambiente televisivo?

Fausto: sim, elas (igreja católica e igrejas protestantes tradicionais) estão ligadas a uma tradição mais racional e abstrata. Têm dois fatos que a gente repete e muitas vezes não reflete. O que representa a realização da missa nos idiomas nacionais [antes era em latim]? O que representa a mudança no rito no qual o sacerdote deixa de celebrar de costas para as pessoas e passa a fazê-lo de frente? Era uma relação com o altar na qual ele fazia duas ou três concessões quando ele se virava para saldar os fiéis. Nesse contexto ele era de fato um intermediário entre a instância do sagrado e a instância do povo, mas cuja relação fundamental de tensão e de vínculo se dava com o altar já que ele ficava de costas para as pessoas. A “virada” tem muitas consequências porque ele se expõe a um contato em que passa a se colocar como um mediador mais compartilhado com a vida da comunidade, mas que leva aquilo que a comunidade o confia à ordem do divino pelas especificidades do seu ministério. Essa “virada” significa o reconhecimento do corpo e da sua dimensão dramaturgizante, que é uma dimensão fundamental para produzir efeitos de sentido no âmbito discursivo-religioso. Aqui, creio que Goffman (2011) pode ajudar a explicar essa dinâmica. É impossível a gente repetir o modelo romano, o modelo europeu de celebrar as nossas crenças, as nossas inquietações na direção do sagrado sem que isso se faça sem uma explicitação dessa energia que o corpo reúne. Uma evidência de que isso parece ser verdade é que os grandes ritos religiosos passam cada vez mais por essa experiência do contato. É por isso que eu digo que o contrato foi substituído pelo contato. Esse contrato religioso no sentido de ir à missa, ao culto, observar certas prescrições do mundo do discurso religioso dá lugar a essa nova prática, a essa nova vinculação que se faz pelo contato que estamos tentando descrever.


MRS: O senhor usou o conceito de “religião do contato” (FAUSTO NETO, 2003) para caracterizar o fenômeno no âmbito televisivo, em que medida ele ajuda a entender a presença das religiões na internet? Ou teríamos que pensar em outras construções teóricas?

Fausto: Eu confesso a você que eu abandonei um pouco o meu processo observacional de um modo mais sistemático e tenho acompanhado isso mais pelos trabalhos de colegas seus (no programa de pós-graduação em Comunicação da Unisinos), mas me chama muito a atenção esse descolamento da esfera da televisão para a internet com a simulação e radicalização dos ofícios religiosos que seguem os enquadres ritualísticos engendrados na internet, a exemplo dos santuários digitais e uma série de protocolos que impulsionam a atividade religiosa. Penso que é uma tendência (esse deslocamento) uma vez que todas as práticas são midiatizadas seria inevitável que o mundo da internet não fosse também tensionado pelas práticas religiosas.*

* Para ler a segunda parte da entrevista clique <<<aqui>>>.

Textos citados na entrevista

ASSMANN, Hugo. A Igreja Eletrônica e seu impacto na América Latina. Petrópolis (RJ): Vozes, 1986.

ECO, Umberto. Viagem na Irrealidade Cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

FAUSTO NETO, Antônio. Religião do contato: estratégias dos novos "templos midiáticos". In: Emquestão –Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Vol. 2, n 1(jan./jun 2003), p. 163-182.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. 18º ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

HARTMANN, Attilio Ignacio. Religiosidade e mídia eletrônica: a mediação sócio-cultural-religiosa e a produção de sentido na recepção de tv. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – ECA-USP.


Sobre o autor
Antônio Fausto Neto é pós-doutor em Comunicação pela UFRJ, doutor em Comunicação pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS) da França, mestre em Comunicação pela Universidade Nacional de Brasília (UNB) e graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Atualmente é professor titular do programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Interessa-se por temas relacionados a Jornalismo, Discurso, Noticiabilidade, Estratégias Midiáticas e Midiatização, tendo também já estudado objetos que envolvem religião, discurso e mídia, especialmente no âmbito televisivo.

Conheça textos do professor já divulgados pelo Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>


domingo, 19 de junho de 2016

AS NARRATIVAS DO REINO: Análise narrativa de programas televisivos da Igreja Universal nas madrugadas mineiras


Marco Túlio de Sousa

RESUMO

Este trabalho trata das narrativas religioso - midiáticas da Igreja Universal do Reino de Deus na Programação IURD mineira, que corresponde a um conjunto de programas televisivos veiculados diariamente pela Record Minas durante as madrugadas. Como recorte, escolhemos algumas edições do mês de julho de 2012, quando a igreja completou 35 anos de existência. Para desenvolver a análise, propomos uma triangulação teórica que contempla os conceitos de dispositivo, narrativa e experiência procurando perceber como estes se afetam mutuamente e se constituem nas suas interconexões. Tendo em vista este aparato conceitual, nosso objetivo consiste em olhar para a Programação IURD procurando identificar nos mundos que suas narrativas deixam ver possíveis pontos de força, de tensão, aspectos que ganham visibilidade, silenciamentos que emergem, bem como o público que se imagina atingir com as mesmas. Dessa forma, também pretendemos analisar o modo como a Universal se narra e por esta mediação narrativa se relaciona com os espectadores e com outros setores da sociedade.

Leia online o texto completo clicando <<<aqui>>>.

Confira outros textos de Marco Túlio de Sousa publicado no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

CANTAR PARA QUÊ? A música gospel no processo de midiatização: o caso do programa Esquenta!


Jênifer Rosa de Oliveira

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo analisar sob quais aspectos se dá a interação entre mídia e religião, bem como as tensões ou continuidades que a aproximação do ‘sagrado’ com o ‘profano’ na sociedade midiatizada evoca. Para tal, elegemos como objeto de estudo a participação dos artistas evangélicos no Programa Esquenta!, exibido nas tardes de domingo, pela Rede Globo. Tomamos como referencial teórico os conceitos de cultura gospel, de midiatização, especialmente o conceito de bios midiático, e a discussão sobre secularização proposta por Habermas. A metodologia empregada prevê duas etapas. A primeira consiste numa uma análise de conteúdo de cinco edições do programa que contaram com a participação de artistas evangélicos, exibidas nos anos de 2013 e 2014. Nesse momento, o objetivo foi perceber o lugar que a música gospel ocupa dentro da proposta do programa. A segunda etapa consiste na realização de dois grupos de discussão, um formado por evangélicos e o outro por não-evangélicos, para compreender como os conteúdos religiosos deslocados de seu contexto original são ressignificados pela audiência. Resulta desta pesquisa a observação de que a participação dos artistas gospel no Esquenta! oferece novos modos de olhar que ampliam o conceito de cultura gospel, bem como legitima a mídia como lugar de experiência religiosa. Além disso, ilustra a perspectiva habermasiana ao refletir a dupla afetação entre universo religioso e vida secular, que emerge do entrecruzamento entre mídia e religião.

Leia online o texto completo clicando <<<aqui>>>,

Confira outros textos de Jênifer Rosa de Oliveira publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Em breve

O Mídia, Religião e Sociedade contará agora com entrevistas exclusivas. Continue nos acompanhando e não perca!

terça-feira, 14 de junho de 2016

O Divino Pai Eterno na Sociedade em Midiatização: a (re) configuração das práticas religiosas pela TV


Paulo Afonso Tavares

RESUMO

Este artigo aborda a transformação da devoção do Divino Pai Eterno no município de Trindade, que nasce de uma experiência religiosa popular, passando pela romanização da diocese de Goiás e consolidando na midiatização das práticas religiosas do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno.

Leia online o texto completo clicando <<<aqui>>>.

Confira outros textos de Paulo Afonso Tavares publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.

domingo, 12 de junho de 2016

CHAMADA: Simpósio Internacional de Comunicação da UFSM recebe trabalhos

O Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM Campus Frederico Westphalen e a Comissão Organizadora convida pesquisadores docentes, discentes e profissionais da área de Comunicação para a primeira edição do SIC – Simpósio Internacional de Comunicação. O Simpósio ocorrerá de 22 a 24 de agosto de 2016 na unidade da UFSM em Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul. Os resumos expandidos deverão ser enviados até o dia 4 de julho. Os valores das incrições variam de 35 a 75 reais.

Saiba mais sobre o evento e como participar clicando <<<aqui>>>.

Datas importantes

•Envio de resumos expandidos: 4 de julho

•Divulgação do resultado da seleção de resumos: até 20 de julho de 2016

•Entrega do texto completo para inclusão nos Anais: 22 de agosto de 2016

•Importante: Apenas os trabalhos completos constarão nos anais do evento. Os trabalhos que não forem enviados no prazo não serão incluídos.

Valores

•Estudantes de graduação UFSM: R$35,00
•Estudantes de graduação externos: R$45,00
•Estudantes de pós-graduação: R$75,00
•Profissionais: R$75,00
•Professores e pesquisadores: R$90,00 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Humor de “Porta dos Fundos” e as Novas Condições de Pertencimento Religioso Contemporâneo


Bruno Menezes Andrade Guimarães

RESUMO
O presente artigo está interessado em produções audiovisuais veiculadas na internet capazes de revelar traços da sociedade com relação a novos modos de pertencimento religioso. Especificamente, buscamos identificar como o vídeo “Agradecimento”, do canal de humor “Porta dos Fundos”, lança mão da ironia e da sátira para suscitar um debate em torno da dinâmica religiosa contemporânea. Para tal, iniciamos uma discussão acerca da pluralidade institucional e a perda da auto-evidência da instituição religiosa cristã. Em seguida, voltamos para o gênero satírico e o para o recurso da ironia como estratégias apropriadas pelo humor na tentativa de provocar um riso inquietante e até mesmo dessacralizante.

Leia online o texto completo clicando <<<aqui>>>.

Confira outros trabalhos de Bruno Menezes Andrade Guimarães publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.


terça-feira, 7 de junho de 2016

Religion et nouvelles technologies de la communication de masse : l’exemple de l’"Eglise électronique"


Mokhtar BEN BARKA

INTRODUÇÃO

Le phénomène de la télévision religieuse américaine, que l’on appelle couramment « Eglise électronique » ou encore « télévangélisme »1 n’échappe plus à personne. Il se manifeste et s’impose de différentes façons. Il y a d’abord les innombrables émissions à caractère religieux qui envahissent la télévision américaine. En outre, les prédicateurs des ondes (ou télévangélistes) ont beaucoup fait parler d’eux, ces dernières années. Certains, comme Jerry Falwell, James Robinson et Pat Robertson, se sont fait connaître par leurs prises de position politiques. D’autres, notamment Jim Bakker, Oral Roberts et Jimmy Swaggart, ont défrayé la chronique à cause des scandales financiers et sexuels dans lesquels ils étaient impliqués. Enfin et corrélativement à sa montée spectaculaire, l’Eglise électronique est l’objet d’une abondante littérature scientifique et populaire1. L’avènement de l’Eglise électronique constitue, à vrai dire, l’un des faits les plus marquants de la vie spirituelle des Etats-Unis depuis 1945.

Parallèlement à cette forte visibilité sociale, l’Eglise électronique est au coeur de débats qui animent et divisent aussi bien l’opinion publique, les journalistes que les spécialistes des sciences sociales. Les pages qui suivent tentent de donner la mesure de la polémique suscitée par l’Eglise électronique, en répondant aux questions suivantes : qu’est-ce que l’Eglise électronique ? Quels effets les nouvelles technologies de la communication de masse ont-elles sur le message chrétien ? Où en est l’Eglise électronique à l’âge de la « cyber-culture » ?

Leia online o texto completo clicando <<<aqui>>>.

Confira outros textos de Mokhtar Ben Barka publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.

domingo, 5 de junho de 2016

Congresso de Ciências da Religião oferece minicurso sobre Mídia e Religião



O II Congresso Nacional de Graduações e Pós-Graduações em Ciência(s) da(s) Religião(ões) (CONACIR) conta este ano com o minicurso "Mídia, Religião e Sociedade: Estudos e Perspectivas", a ser ofertado nos dias 26 e 27 de setembro na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O minicurso será ministrado por Jênifer Rosa de Oliveira (mestre em Comunicação pela Umesp) e por Marco Túlio de Sousa (doutorando em Comunicação pela Unisinos). O objetivo é oferecer uma visão geral sobre o que se tem produzido na academia sobre o assunto.

O valor da inscrição varia de 20 a 25 reais. O prazo vai até 31 de agosto. Para se inscrever clique <<<aqui>>>.  Conheça a ementa do curso clicando <<<aqui>>>.

Além do minicurso, o II CONACIR possui um GT dedicado ao assunto. As submissões de trabalhos também estão abertas. Saiba mais no <<<site do evento>>>.




quarta-feira, 1 de junho de 2016

La importancia del tratamiento de la religión en medios de comunicación. El caso del Islam en España


Pilar Sánchez González
Graciela Padilla Castillo

RESUMO

El objetivo de este artículo es analizar la relación entre medios de comunicación y religiones mayoritarias, que se practican en España y, en concreto, el Islam. Como objetivo secundario, se pretende abrir nuevas líneas de investigación y remarcar la importancia del asunto. La información es un servicio de socialización. Por ello, se deben respetar las diferencias políticas, ideológicas, sociales y culturales. En el caso del entorno cultural, la religión es una de las variables a considerar en la práctica de la correcta información, evitando clichés y acciones no respetuosas hacia algunos de sus fieles. Si se quiere ser objetivo, hay que ser respetuoso. Conocer las religiones que se practican en el país supone una mejor adecuación en el tratamiento de la información. Los medios son transmisores de valores y estos, a su vez, socializadores de la audiencia.

Leia online o texto completo clicando <<<aqui>>>.

Confira outros textos de Pilar Sánchez González publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.

Confira outros textos de Graciela Padilla Castillo publicados no Mídia, Religião e Sociedade clicando <<<aqui>>>.